Na província do Ribatejo, onde o Tejo recorta o vale numa planura mais ou menos ondulada, encontramos os Pintainhos, que outrora teve um porto e um rossio, à semelhança das grandes cidades.
Situada a 7Km. da sede do Concelho de Torres Novas e a 42Km. da capital de distrito, Pintainhos constitui o orgulho dos filhos desta pequena terra, simples e solidária, freguesia de Sant´Iago. Para todos quantos lhe estão ligados e pelo carinho que por ela nutrem, perderam o artigo”a” ou”em” que normalmente antecede os nomes das localidades, para dar lugar ao afecto e à familiaridade com que se referem “aos Pintainhos”.
Aldeia pequena, sem prestigiados registos históricos, mas cuja história se difundiu ao longo dos tempos na memória de todos, e que tem sido alvo da simpatia de alguns e do amor de muitos.
A história de Pintainhos, como tem sido transmitida ao longo das várias gerações, remonta ao século XVI , com a origem do nome. Aquando da existência de um ponto de passagem dos mensageiros da Corte em Entroncamento, reza a história que um mensageiro portador de uma missiva endereçada, não conseguiu fazer a sua entrega nos locais mais povoados. Numa tentativa de cumprir a sua missão ter-se –á deslocado a uma casa existente na zona, no intuito de procurar o destinatário e não encontrou ninguém , apenas uma galinha com pintos. Daí a origem do nome de Pintainhos.
A 24 de Fevereiro de 1764, o alvará de Sua Majestade decreta a Capitania-Mor das Ordenanças do Concelho de Torres Novas, em que a 4ª Companhia de Sant´Iago regista a esquadra número 14 em Pintainhos, passando assim a existir um posto de vigia.
No decorrer do século XVII vieram a instalar-se mais famílias e a aldeia cresceu. Pode talvez afirmar-se que foi alvo de um crescimento lento, mas sólido, assente no trabalho árduo, na entreajuda, na fé e quiçá na cultura.
Na religião católica tem radicado a crença e a fé dos Pintainhenses, pedra basilar nos momentos de desânimo e nas dificuldades. Numa fé profunda em Nossa Senhora de Monserrate, cuja imagem se perpetuou na igreja de Meia Via e que, ainda hoje, por altura das festas do Divino Espírito Santo é visitado pelos crentes.
O Senhor Jesus dos Lavradores também venerado pelas pessoas, talvez devido à ligação ao mundo rural, que constituía a única ocupação do povo.
No início do século XIX, Pintainhos era uma aldeia essencialmente rural. Os habitantes trabalhavam de “sol a sol” nas quintas mais próximas, nomeadamente a Quinta da Rainha, a Quinta da Marmela e a Quinta do Marquês.
Homens humildes, contudo especialistas na arte de tratar a terra, semeadores, boieiros, ceifeiros, e tantos outros amavam a terra e os seus frutos como um bem precioso.
Foram as quintas e os seus proprietários, Duque de Lafões, D. Aurora Macedo de Bragança, Dr. Reis e Conde da Foz, que fizeram destas terras o destino de migrações sazonais, de que resultou a fixação de algumas pessoas oriundas de diferentes zonas.
A apanha da azeitona era uma das fainas sazonais da região. Culminava quase sempre, comuna festa de despedida que muitos recordam com nostalgia e, até saudade…
Os trabalhos da eira trazem também à memória as noites de Verão em que, num alegre convívio, se faziam as desfolhadas, se cantavam as canções alusivas e, ao mesmo tempo, se retiravam as camisas do milho.
Motivo de festa e regozijo de toda uma população era o Natal, traduzido numa fogueira enorme onde coabitavam sem temores o pecado e o sagrado, consubstanciados no roubo nocturno da lenha pelos homens da terra e no acender da fogueira para aquecer os que festejavam o nascimento do menino Jesus.
Não há memória para o início da realização da fogueira de Natal, apenas a saudade de a ver arder até ao Ano Novo, numa chama altiva e forte como a identidade deste povo.
Também pela Fé se tem edificado esta aldeia de gente que crê, crê porque duvida e a fé nasce da incerteza e da eterna procura de serenidade. É através da fé e da festa que os Pintainhenses tentam corporizar o tempo e o espaço das suas vidas.
Tempo de Santos Populares era, também, tempo de fogueiras de alecrim e rosmaninho previamente recolhidos pelos rapazes e raparigas. As Marchas de arquinho e balão, mobilizando muita gente num desfile a rigor com o traje apurado e uma harmonia perfeita de música e letra, podiam, confundir-se com as dos bairros afamados de Lisboa.
Carnaval dos Pintainhos era tempo de folia em que a tradição decretava a inversão de alguns valores, numa junção plena de alegria, partidas carnavalescas e boa disposição. O desfile de mascarados até às aldeias mais próximas, as rodas, os leiloes, o jogo do qurtão e outras brincadeiras animavam a quadra carnavalesca. Na província do Ribatejo, onde o Tejo recorta o vale numa planura mais ou menos ondulada, encontramos os Pintainhos, que outrora teve um porto e um rossio, à semelhança das grandes cidades.
Situada a 7Km. Da sede do Concelho de Torres Novas e a 42Km. Da capital de distrito, Pintainhos constitui o orgulho dos filhos desta pequena terra, simples e solidária, freguesia de Sant´Iago. Para todos quantos lhe estão ligados e pelo carinho que por ela nutrem, perderam o artigo”a” ou”em” que normalmente antecede os nomes das localidades, para dar lugar ao afecto e à familiaridade com que se referem “aos Pintainhos”.
Aldeia pequena, sem prestigiados registos históricos, mas cuja história se difundiu ao longo dos tempos na memória de todos, e que tem sido alvo da simpatia de alguns e do amor de muitos.
A história de Pintainhos, como tem sido transmitida ao longo das várias gerações, remonta ao século XVI , com a origem do nome. Aquando da existência de um ponto de passagem dos mensageiros da Corte em Entroncamento, reza a história que um mensageiro portador de uma missiva endereçada, não conseguiu fazer a sua entrega nos locais mais povoados. Numa tentativa de cumprir a sua missão ter-se –á deslocado a uma casa existente na zona, no intuito de procurar o destinatário e não encontrou ninguém , apenas uma galinha com pintos. Daí a origem do nome de Pintainhos.
A 24 de Fevereiro de 1764, o alvará de Sua Majestade decreta a Capitania-Mor das Ordenanças do Concelho de Torres Novas, em que a 4ª Companhia de Sant´Iago regista a esquadra número 14 em Pintainhos, passando assim a existir um posto de vigia.
No decorrer do século XVII vieram a instalar-se mais famílias e a aldeia cresceu. Pode talvez afirmar-se que foi alvo de um crescimento lento, mas sólido, assente no trabalho árduo, na entreajuda, na fé e quiçá na cultura.
Na religião católica tem radicado a crença e a fé dos Pintainhenses, pedra basilar nos momentos de desânimo e nas dificuldades. Numa fé profunda em Nossa Senhora de Monserrate, cuja imagem se perpetuou na igreja de Meia Via e que, ainda hoje, por altura das festas do Divino Espírito Santo é visitado pelos crentes.
O Senhor Jesus dos Lavradores também venerado pelas pessoas, talvez devido à ligação ao mundo rural, que constituía a única ocupação do povo.
No início do século XIX, Pintainhos era uma aldeia essencialmente rural. Os habitantes trabalhavam de “sol a sol” nas quintas mais próximas, nomeadamente a Quinta da Rainha, a Quinta da Marmela e a Quinta do Marquês.
Homens humildes, contudo especialistas na arte de tratar a terra, semeadores, boieiros, ceifeiros, e tantos outros amavam a terra e os seus frutos como um bem precioso.
Foram as quintas e os seus proprietários, Duque de Lafões, D. Aurora Macedo de Bragança, Dr. Reis e Conde da Foz, que fizeram destas terras o destino de migrações sazonais, de que resultou a fixação de algumas pessoas oriundas de diferentes zonas.
A apanha da azeitona era uma das fainas sazonais da região. Culminava quase sempre, comuna festa de despedida que muitos recordam com nostalgia e, até saudade…
Os trabalhos da eira trazem também à memória as noites de Verão em que, num alegre convívio, se faziam as desfolhadas, se cantavam as canções alusivas e, ao mesmo tempo, se retiravam as camisas do milho.
Motivo de festa e regozijo de toda uma população era o Natal, traduzido numa fogueira enorme onde coabitavam sem temores o pecado e o sagrado, consubstanciados no roubo nocturno da lenha pelos homens da terra e no acender da fogueira para aquecer os que festejavam o nascimento do menino Jesus.
Não há memória para o início da realização da fogueira de Natal, apenas a saudade de a ver arder até ao Ano Novo, numa chama altiva e forte como a identidade deste povo.
Também pela Fé se tem edificado esta aldeia de gente que crê, crê porque duvida e a fé nasce da incerteza e da eterna procura de serenidade. É através da fé e da festa que os Pintainhenses tentam corporizar o tempo e o espaço das suas vidas.
Tempo de Santos Populares era, também, tempo de fogueiras de alecrim e rosmaninho previamente recolhidos pelos rapazes e raparigas. As Marchas de arquinho e balão, mobilizando muita gente num desfile a rigor com o traje apurado e uma harmonia perfeita de música e letra, podiam, confundir-se com as dos bairros afamados de Lisboa.
Carnaval dos Pintainhos era tempo de folia em que a tradição decretava a inversão de alguns valores, numa junção plena de alegria, partidas carnavalescas e boa disposição. O desfile de mascarados até às aldeias mais próximas, as rodas, os leiloes, o jogo do qurtão e outras brincadeiras animavam a quadra carnavalesca.Além do trabalho, da fé e da festa, Pintainhos e a sua gente tiveram desde sempre um enorme espírito de entreajuda, próprio de pessoas de bem, contudo detentores de parcos bens. Não seria faltar à verdade afirmar que existe entre esta gente uma capacidade enorme de auxílio e dádiva nos momentos de angústia, dor ou necessidade. Isto é notório e pode observar-se em cada um dos filhos da terra.
Na terceira década do século XX, o Sr. Manuel Maia criou uma organização de 31 pessoas com a finalidade de auxiliar o pagamento dos familiares dos membros da organização. Os “31 Amigos do Maia” continuam, ainda hoje, a fazer as suas quotizações para ajuda nesse tipo de pagamentos e, como é apanágio dos Pintainhenses, reúnem uma vez por ano numa festa de confraternização e troca de amizade.
Este povo, amigo do seu amigo, não deixou por mãos alheias a evolução dos tempos. Nos anos 30, é com a expansão de fornos de telha e tijolo de António Crispim e Julito que alguns jovens deixaram a agricultura para se dedicarem a outro tipo de trabalho.
No entanto, é na década de 40 e 50 que o processo de industrialização se começa a fazer sentir nos Pintainhos. A expansão e desenvolvimento de empresas como a Metalúrgica Costa Nery, Companhia Nacional de Fiação e tecido, António Alves & Companhia, Victor Réquio, Lourenço & Irmão, Félix carreira, Caminhos de Ferro e tantos outros, reflectiram-se no modo de vida destas pessoas, passando a agricultura, enquanto forma de subsistência, a ser substituída pela industria.
O progresso continuado veio dar lugar a outras formas de trabalho, como os serviços e o comércio a que Pintainhos não faltou, nomeadamente, o sapateiro, a taberna, a padaria, o minimercado e a lavandaria. É também com estes homens e mulheres capazes de fazer crescer a sua terra, que o futuro se tem feito, dia a dia, ano após ano.
O progresso e o desenvolvimento, fez-se notar a outros níveis, como a construção da estrada que liga Pintainhos a Meia-Via e a Carreiro de Areia, corria o ano de 1937. A electricidade surge na aldeia em 1967 sendo que o primeiro telefone já existia à 3 anos.
È no final da década de 70 que, também à semelhança de grandes povoações, a toponímia surge no intuito de institucionalizar as zonas, os sítios e acontecimentos.
São exemplos o Largo da Fogueira alusivo à realização da fogueira de Natal e a sua tradição. A rua da Fonte, as Courelas e as Sesmarias numa alusão a sítios ou propriedades.
Em Pintainhos, como em outras localidades, o marco histórico do 25 de Abril de 74 também ficou assinalado. São exemplos claros o Largo 25 de Abril no centro da Aldeia e a rua 1º de Maio.
Para terminar a descrição da aldeia, refere-se a rua 3 de Janeiro à data de realização da reunião em que foi definida a toponímia dos Pintainhos.
Nos humildes pedaços de história aqui desenhados radica a tentativa de desvendar um passado que o presente vai mostrando. Consolidados num desejo profundo de projectar no futuro a grandeza destes homens e mulheres que, embora dispersos pelo mundo, continuem a amar a sua terra – Os Pintainhos.
Pesquisa e textos de Idalina Maia Cardoso.
A fonte
A água inspira o poeta
A água dá cor à tela
A água dá vida à obra
Água é o ser
e tê-la
é poder
Ainda na primeira metade do séc. XX, o abastecimento de água na aldeia de Pintainhos, `a semelhança de muitas outras aldeias, vilas e cidades, era feito a partir de nascentes naturais, umas públicas, outras privadas, como poços, minas e fontes.
Nos Pintainhos, a sua “ fonte” é sem dúvida um dos marcos mais relevantes na história da vida do seu povo.
Como quase todas e apenas por razões naturais, situa-se numa zona baixa, de acesso algo difícil, especialmente para quem dela sai carregando pesos de água ou roupa lavada, muitas vezes já no fim de um longo dia de trabalho no campo.
A fonte dos Pintainhos começou por ser usada em estado natural. Os cântaros e os outros recipientes para transportar a água eram cheios pelo método de mergulho.
A intervenção do Homem veio possibilitar o acesso à água através de uma bica e foi construído um tanque destinado a lavadouro público.
Transportar a água para as necessidades domésticas, constituía um dos trabalhos braçais mais ingratos e que envolvia toda a estrutura familiar, com precioso e insistente recurso à colaboração dos filhos.
As mulheres e as raparigas caminhavam para a fonte, chamando-se umas às outras numa tentativa de minorar o esforço, esquecendo-se entre duas larachas e dois dedos de conversa. Era frequente o transporte de dois cântaros, um à cabeça com ou sem ajuda de rodilhas de trapo e outro debaixo do braço.
Os homens e os rapazes normalmente carregavam com os cântaros e os almudes ás costas.
Muitas vezes para rentabilizar a viagem e/ ou minimizar o esforço, o transporte da água era feito por burros com seirões ou armaduras de madeira onde eram colocadas as bilhas.
Sendo escassos os tempos de lazer, eram estes momentos que eram aproveitados para mais uma intriguita, mais uma conversa e assim se fizeram e desfizeram namoricos, se consolidaram amizades e se aprendeu a crescer.
O mesmo tom de conversa era aproveitado, para aliviar o trabalho das lavadeiras no tanque que ladeava a fonte.
Na década de 50, foram feitas obras no tanque para melhorar as condições de utilização. Assim, foi levantado o fundo, permitindo às lavadeiras lavarem dentro de água e foi colocada uma cobertura de forma a possibilitar a sua utilização no Inverno. Nesta estação, a lavagem da roupa era ainda mais penosa e muitas vezes obrigava a que se fizesse uma fogueira com lenha do pinhal que circundava a fonte, para que as lavadeiras ciclicamente saíssem da água para se aquecerem.
Os dias privilegiados para o encontro no tanque da fonte, eram as segundas e terças-feiras e ainda os sábados. Não obstante, o tanque tinha diariamente mulheres e raparigas a lavar a roupa, muitas vezes acompanhadas pelos filhos ainda pequenos, que a serem meninas iam ajudando as mães para aprenderem.
Quando o trabalho no campo apertava e a jorna era de sol a sol, obrigava a que a lavagem da roupa fosse feita à luz do candeeiro a petróleo.
Mas, ainda assim, a fonte era uma bênção de Deus, bem aproveitada pelo Homem e quando as chuvas eram muito intensas e continuadas, inundando o espaço, o desespero batia nos corações e o recurso passava a ser a fonte do Casal das Hortas.
Já nos anos 70, entre uma conversa de taberna, uma conversa de portal numa noite de luar e as habituais conversas “ no caminho da fonte”, começa a fervilhar um novo projecto, um novo desafio, trazer a fonte a um chafariz a construir no então designado Largo do Rossio, hoje Largo 25 de Abril.
E foi assim que conjugaram esforços com a aldeia vizinha, o Carreiro de Areia e decidiram fazer uma rede de distribuição domiciliária de água.
A Câmara apoiou, os militares das forças armadas agora já sem guerra para combater, foram disponibilizados para colaborar, todo o povo das duas aldeias se entregou de alma e coração. O momento era de grande emoção, a força anímica era imensurável e a obra surgiu mantendo-se até aos dias de hoje.
Foi com esta feliz iniciativa que os Pintainhos juntamente com o Carreiro d´Areia, foram umas das primeiras povoações fora da sede do concelho a ter água ao domicílio.
O tempo foi passando, estamos no ano 2000, muitas gerações já marcaram a sua presença nesta vida e partiram, mas a fonte teima em manter-se de pé. Verdade seja dita, já são notórias as marcas do tempo, mas o seu ar triste deixa ver que tem saudades das visitas constantes, sente-se só e a solidão mata e se mata. A promessa está feita, vai ser recuperada, alindada e vai ter um acesso facilitado, por tudo isto, só nos resta ir lá brindar com ela.
Filomena Pereira
O Nicho
Construído há aproximadamente 17 anos, é já uma marca emblemática na vida deste povo.
Nasceu do sonho de um homem, Francisco Henriques, que na impossibilidade de edificar uma capela, ergueu este nicho com a imagem de S. Francisco, que é hoje um lugar de culto acarinhado por todos.
Pequeno espaço espiritual, onde cada um pode encontrar a tranquilidade e a paz de espírito que necessita para o equilíbrio de uma vida, onde os momentos bons são muitas vezes atraiçoados por inesperados golpes.
Junto à imagem, uma pequena lamparina de azeite é mantida acesa dia e noite com a vontade e o carinho de quem lá vai beber a espiritualidade e aquecer a alma.
Virada para a estrada principal que atravessa a aldeia, prende o olhar de quem passa e o coração de quem a visita.
Pintainhos 2000